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Dia Mundial da Internet: a rede que transformou a sociedade

Dia Mundial da Internet a rede que transformou a sociedade

Muito além das redes sociais, a internet molda o cotidiano, os negócios e a política — e seu futuro será ainda mais disputado

Em 17 de maio, celebra-se o Dia Mundial da Internet. Criada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data visa celebrar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para promover a inclusão digital. Ela também convida à reflexão sobre a importância dessa infraestrutura global. 

Desde os seus precursores até a internet se tornar o que é hoje, houve muitas transformações e um longo caminho. De um experimento acadêmico-militar a um sistema que sustenta o funcionamento de governos, empresas, cidades, relacionamentos e até mesmo da identidade de milhões de pessoas, a internet faz parte da rotina de muitas pessoas e empresas.

Veja a seguir um panorama das principais fases da internet:

A origem: redes experimentais em tempos de Guerra Fria (1960–1982)

A origem da internet está ligada ao contexto da Guerra Fria. Em resposta ao lançamento do satélite soviético Sputnik, em 1957, os Estados Unidos criaram em 1958 a Advanced Research Projects Agency (ARPA), com o objetivo de avançar em pesquisas tecnológicas e garantir liderança militar.

Nos anos seguintes, a ARPA financiou centros de pesquisa em universidades e empresas, instalando modernas estruturas de computação. Para otimizar o uso desses recursos, foi criado o projeto ARPANET, que visava conectar esses centros em uma rede.

Em 1969, a ARPANET tornou-se a primeira rede de comunicação entre computadores a usar a técnica de comutação de pacotes, que divide mensagens em pequenos blocos para envio e reagrupamento. A rede inicial interligava quatro instituições: Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Stanford Research Institute, Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e Universidade de Utah. Ainda naquele ano, ocorreu a primeira troca de dados entre computadores da rede.

Com o tempo, surgiu a necessidade de conectar redes com diferentes arquiteturas, incluindo redes sem fio via rádio e satélite. Isso exigiu um protocolo universal. Na década de 1970, Vinton Cerf e Robert Kahn desenvolveram o TCP/IP, protocolo que permite a comunicação entre sistemas distintos. Em 1º de janeiro de 1983, o TCP/IP foi adotado oficialmente, marco considerado o nascimento da internet como a conhecemos hoje.

A publicação da web e a entrada do setor privado (1983–1995)

Na década de 1980, a internet expandiu-se para várias universidades e centros de pesquisa. Redes como a Usenet, criada em 1980, possibilitavam a troca de mensagens e arquivos entre instituições acadêmicas. Outra rede importante foi a BITNET (Because It’s Time Network), fundada em 1981, que conectava universidades por linhas telefônicas dedicadas, facilitando o envio de e-mails e arquivos.

Apesar dessas inovações, o acesso ainda era restrito a cientistas, engenheiros e acadêmicos. A mudança começou em 1989, quando Tim Berners-Lee, do CERN, propôs a World Wide Web, ou simplesmente web. Antes disso, a internet já existia como uma rede que permitia a troca de dados entre computadores, mas era usada principalmente por militares e cientistas, e exigia conhecimentos técnicos para navegar. O que Berners-Lee propôs foi um sistema que tornaria a navegação mais simples, acessível e organizada. A ideia central era usar um recurso chamado hipertexto: palavras ou trechos de texto que, ao serem clicados, levam o usuário para outro documento relacionado, por meio de links.

Em 1993, o navegador gráfico Mosaic, desenvolvido pelo National Center for Supercomputing Applications (NCSA), revolucionou o acesso à Web ao permitir a exibição de textos e imagens na mesma página, tornando a navegação mais fácil e atraente.

Paralelamente, a National Science Foundation Network (NSFNET), criada em 1985 para conectar centros de pesquisa, começou a liberar o acesso a provedores comerciais no início dos anos 1990. Em 1995, a NSFNET foi desativada, permitindo que empresas privadas assumissem a infraestrutura da internet. Isso criou espaço para domínios “.com” e os primeiros buscadores, transformando a internet em um ambiente aberto para inovação, negócios e serviços.

A emergência da web 2.0 e o capitalismo de vigilância (1995–2005)

No fim dos anos 1990, empresas como Amazon, eBay, Yahoo! e Google transformaram a internet. O Google, lançado em 1998, revolucionou as buscas ao priorizar a relevância dos sites, facilitando o acesso à informação. Esse entusiasmo levou à supervalorização de startups, gerando a bolha das pontocom, que estourou em 2000 com perdas bilionárias. Ainda assim, a infraestrutura digital continuou se expandindo.

Entre 2001 e 2005, o editor Tim O’Reilly cunhou o termo Web 2.0 para descrever a nova fase da internet. Diferente da Web 1.0, em que o usuário apenas consumia conteúdo, a Web 2.0 permitiu participação ativa: criar, comentar e compartilhar. Plataformas como Wikipedia, Orkut, YouTube e blogs aumentaram a colaboração online.

Redes sociais como Facebook (2004), YouTube (2005) e Twitter (2006) consolidaram essa mudança. A internet se tornou um espaço de convivência e expressão individual. O lançamento do iPhone em 2007 popularizou o acesso móvel: as pessoas passaram a estar conectadas em tempo integral.

As empresas passaram também a registrar e analisar dados de comportamento online para personalizar anúncios e influenciar decisões. Esse modelo, chamado de capitalismo de vigilância pela pesquisadora Shoshana Zuboff, fez da internet uma infraestrutura econômica, social e estratégica no mundo contemporâneo.

O futuro da internet: disputas, transformações e novas possibilidades

Nos últimos anos, a internet se consolidou como infraestrutura central da vida moderna. Plataformas digitais passaram a influenciar diretamente política, economia e sociedade.

Mais recentemente, novas tecnologias têm transformado a experiência online. A realidade aumentada insere elementos digitais no mundo físico. O metaverso é uma ideia que propõe ambientes virtuais interativos para socialização e trabalho. E os gêmeos digitais simulam sistemas reais, com aplicações em áreas como a indústria e a saúde.

A Internet das Coisas (IoT) também tem ganhado espaço: dispositivos comuns — como geladeiras, carros e sensores industriais — agora estão conectados à rede, trocando dados em tempo real. Essa integração amplia a automação e a inteligência dos sistemas, mas também levanta debates sobre privacidade e segurança.

Paralelamente, cresce a proposta da Web3 ou Web 3.0, baseada em blockchain. Ela visa descentralizar a internet e dar mais controle aos usuários sobre seus dados e transações, reduzindo a dependência de grandes plataformas.

Essas transformações indicam que a internet do futuro será mais imersiva, descentralizada e integrada ao cotidiano — mas também palco de novas disputas por poder e controle.

A internet como espaço em transformação contínua

A cada década, surgem novas aplicações, riscos e disputas. Hoje, a internet sustenta processos industriais, sistemas bancários, governos e laços pessoais. Ao mesmo tempo, carrega dilemas sobre privacidade, concentração de poder, manipulação informacional e exclusão digital.

O Dia Mundial da Internet reforça a importância de decisões éticas, regulatórias e sociais sobre uma infraestrutura que impacta diretamente o presente e o futuro das sociedades.